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Hoje, no “De olho no cientista”, apresentamos José Leite Lopes

Físico pernambucano, nascido em Recife, no dia 28 de outubro de 1918, começou sua carreira acadêmica, em 1936, no curso de Química Industrial, na sua cidade natal. Ainda na sua primeira graduação, as aulas de Física, do seu professor Luiz Freire, lhe encheram os olhos e, com o apoio dele, decidiu fazer a sua segunda graduação em Física, em 1940, na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), atual UFRJ.

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José Leite Lopes

Luiz Freire não o influenciou apenas na tomada dessa decisão, mas também foi o grande inspirador por trás da preocupação de Leite Lopes pelo ensino. O que levou o Físico a trabalhar com divulgação científica e com a criação e tradução de livros didáticos, também para o ensino básico.

Em dois anos, terminou sua graduação na FNFi e, em 1943, foi para São Paulo trabalhar com Mário Schenberg, considerado o maior físico teórico do Brasil. Na época, as pesquisas em Física Moderna no país se concentravam, principalmente, em São Paulo. Com a vinda de Gleb Wataghin ao Brasil, físicos como César Lattes, Roberto Salmeron e Marcelo Damy se reuniram na USP e foram os precursores da Física no país.

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José Leite Lopes e Mário Schenberg

Adiante, no ano seguinte, partiu para o seu doutorado em Princeton, sob orientação de Wolfgang Pauli, físico austríaco conhecido por seu trabalho referente à teoria do spin do elétron e prêmio Nobel de Física. Lá, encontrou e teve aula com alguns dos maiores físicos da história, como Albert Einstein!

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Pauli e Einstein


Ao voltar de Princeton, Leite Lopes foi ao Rio de Janeiro e juntamente com César Lattes fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) em 1949. Em 1960 assumiu o cargo de diretor da instituição, o qual esteve até 1964. Quando ocorreu o Golpe Militar, Leite Lopes pediu demissão e foi para Pittsburgh, mas lá não se sentiu confortável, pois lá estava Richard Nixon, apoiador do Golpe Militar no Brasil.

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José Leite Lopes e Cesar Lattes

Seguiu para Estrasburgo, na França, mas voltou ao Brasil em 1967. Porém não esperava, mas, no mesmo ano, foi cassado pela ditadura via AI-5 e teve que se exilar novamente em Estrasburgo. Com o fim da ditadura, voltou ao Brasil em 1986 para trabalhar no CBPF até a sua aposentadoria.

Seus principais trabalhos, publicados em 1958, foram sobre a unificação das forças eletromagnética e fraca, através da proposição dos bósons W+ e W-, e a previsão da existência do bóson Z0. A continuação do seu trabalho sobre a unificação da força eletrofraca rendeu o prêmio Nobel de Física para Steven Weinberg, Sheldon Glashow e Abdus Salam em 1979, mas Leite Lopes, precursor do trabalho, não obteve o reconhecimento merecido.

Tão especial como Einstein é para o mundo, Leite Lopes possui seu valor para o Brasil, não apenas na consolidação da Física, mas também para a divulgação científica no país. Por volta de 1938, publicou seu primeiro artigo científico no Diário da Manhã, em Recife, sobre mecânica quântica e física atômica. Tal ação foi mais um dos incentivos do professor Luiz Freire, considerado por seu pupilo, como “homem de grande cultura”. Além disso, Leite Lopes deu entrevistas a importantes veículos de comunicação. Antecedendo a fundação do CNPq, propôs, no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, a criação de uma fundação nacional de ciência e tecnologia. Ele afirmava que o Estado deveria custear e incentivar a ciência brasileira. Curiosamente, foi o primeiro a instigar o financiamento da mencionada fundação pelos industriais, fato que não foi bem sucedido.

Na época, um seleto grupo de estudiosos dedicava-se, também, à divulgação científica, junto com Leite Lopes. Segundo ele, este grupo era “uma exceção à regra”.

Após a Segunda Guerra Mundial, seu período de maior apoio à divulgação foi em 1948, época em que colaborou com Ciência Para Todos, do jornal A Manhã, do Rio de Janeiro. A cargo do leitor, confira este suplemente pelo seguinte link:

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=085782&Pesq=maurício%20de%20medeiros&pagfis=72.

Incansável, Leite Lopes apresentou programas na rádio, enquanto esteve em Estrasburgo. Neste ato, falou sobre Feynman e das atividades no Brasil. Em continuação, após seu doutorado nos EUA, palestrou na Faculdade Nacional de Filosofia sobre os problemas da Física Atômica na época.

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Logo do Prêmio José Leite Lopes

Reflexo de seu esforço, José Leite Lopes foi reconhecido internacionalmente e, ainda, teve seu nome como prêmio na Sociedade Brasileira de Física, SBF! Leite Lopes é o único físico brasileiro premiado com o UNESCO Science Prize. Este prêmio dirige-se a um, ou grupo de, estudioso(s) reconhecido(s) pela importância de seu projeto, seja na esfera social, ou na esfera tecnológica. Adicionalmente, o Prêmio José Leite Lopes, premia as melhores teses de doutorado, com o objetivo de estimular e valorizar os trabalhos de excelência e padrão internacional nas diferentes áreas da Física.

Por fim, a necessidade do reconhecimento de Leite Lopes é vital para a perpetuação de cientistas que se preocupam com o futuro da ciência nacional e, como consequência, do estímulo à formação de novos estudiosos brasileiros. Suas contribuições são inúmeras. Seus feitos são perpétuos.


Redatores: Cássio da Silva e Giovana Britto

Fontes:


 
 
 

2 Comments


Excelente realizar esse resgate histórico! Ansioso por um texto sobre o Mário Schenberg.

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Cassio martins
Cassio martins
Oct 30, 2023

Muito bom!

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