No Dia do Físico, apresentamos: Roberto Salmeron
- Solucionários & Resumos
- 19 de mai. de 2023
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Para celebrarmos o Dia do Físico deste ano, escolhemos contar brevemente sobre a extensa e saudosa biografia do Físico brasileiro Roberto Aureliano Salmeron.

Salmeron nasceu em 16 de junho de 1922 e era filho de operários de origem espanhola que moravam em São Paulo. Roberto, a desejo de sua família, ingressou no curso de Engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, porém lá ele descobriu seu interesse pela Física enquanto assistia às aulas de Física do grande professor Luiz Cintra do Prado.
Ao decidir que iria trabalhar com física, procurou o físico e professor da Faculdade de Filosofia da Escola Politécnica, Gleb Wataghin, que prontamente o aceitou como colaborador nas suas pesquisas em física de partículas. Sob a orientação do professor Wataghin, trabalhou na construção de contadores Geiger, contando com a assistência do físico Marcello Damy, até 1949, quando o professor Wataghin retornou à Itália.
Com a volta do seu Orientador para a Itália, Salmeron mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) a convite de César Lattes, onde não pôde desenvolver um longo trabalho como planejava. Em um jantar que ocorreu após uma visita dos pesquisadores do CBPF ao Arsenal da Marinha, Salmeron, por coincidência, saiu na foto ao lado do almirante Álvaro Alberto, presidente do CNPq na época. Quando Alberto descobriu que o físico se identificava como de esquerda, ficou furioso e começou a retaliar os trabalhos de Salmeron. Ao ponto que sobrou a ele pedir demissão do CBPF e procurar trabalho fora do país.
Concorreu a uma bolsa da Unesco e foi contemplado para cursar seu doutorado na Universidade de Manchester, que era referência em pesquisa de partículas com raios cósmicos e onde trabalhava Patrick Blackett, prêmio Nobel de Física. Ao terminar o seu PhD foi indicado por Blackett para trabalhar no CERN, que havia acabado de ser criado, onde trabalhou por 8 anos.
Em 1963 recebeu o convite para trabalhar na Universidade de Brasília e aceitou, porém, com o golpe militar de 1964, ele e outros 222 professores pediram demissão como forma de protesto às perseguições políticas do regime militar.
Chegou a ficar desempregado por algum tempo, até que o diretor do CERN descobriu e lhe enviou um contrato já assinado para que ele voltasse à Genebra. Logo foi convidado para trabalhar na Escola Politécnica de Paris, a qual esteve vinculado até o fim da sua carreira. Lá, além de pesquisas, ajudou a criar um convênio que oportuniza estudantes brasileiros de ciências exatas a irem estudar na França.
Salmeron faleceu, em 17 de junho de 2020, aos 98 anos. Ele fez parte de uma excelente geração de físicos brasileiros que realizaram importantes trabalhos pelo mundo todo e sempre trabalharam muito para o desenvolvimento da física no Brasil, seu país de origem.
Logo abaixo deixamos uma entrevista realizada pela revista Pesquisa Fapesp e publicada em Janeiro de 2013, onde o Professor Salmeron conta as suas aventuras pela Física com detalhes e bom humor.
Redator e editor: Cássio Martins da Silva
Incrível, muito bom!
Muito bom!!! História de um grande Físico!
Que demais!! Não conhecia a história do Salmeron, muito interessante!